A cama é um berço, o local de origem, de onde veio o que se apresenta, um lugar de conforto e aconchego daquilo que me é familiar.
Aqui mostro um pouco da minha cidade natal, Ibitinga. Uma cidade do interior como tantas outras originada na expansão da economia do café em meados do século XIX, profundamente marcada pela religião católica e cultura caipira. No entanto, uma coisa diferencia Ibitinga das demais cidades da região: a sua industrialização baseada na atividade têxtil realizada principalmente por mulheres. O bordado passou de manufatura para indústria ao longo do século XX transformando para sempre a geografia da cidade. O que no começo eram mulheres organizando suas atividades paralelamente à economia dos homens como forma de ajudar no sustento das famílias, hoje se transformou em inúmeros salões de bordado espalhados pela cidade empregando boa parte da população local e movimentando a cidade que se tornou estância turística devido ao comércio dos produtos bordados. O centro da cidade mistura alguns resquícios do desenvolvimento urbano proveniente da produção agrícola escondidos sob camadas de enxovais que tomam as calçadas e fachadas.
Uma parte das minhas pesquisas atuais vão buscar na história do bordado a história dessas mulheres que iniciaram a atividade e suas famílias, incluir as pessoas que bordaram a fama da cidade em sua história como minha tia avó que morreu centenária e foi uma das primeiras bordadeiras da cidade. Muitas mulheres foram responsáveis por carregar o crescimento de Ibitinga, todas merecem reconhecimento como agentes ativas dessa história.
Foi neste lugar onde o bordado é visto tanto como tradição familiar quanto como uma atividade industrial e comercial de extrema importância que aprendi a bordar.